tag:blogger.com,1999:blog-75411191325977180872024-02-07T21:36:26.176-08:00Biografia IncompletaPetraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-87528882077455829722018-11-08T11:06:00.000-08:002018-11-08T11:06:04.265-08:00o carteiro<div style="text-align: justify;">
há pouco mais de um ano e meio mudei para são paulo. é tão pouco e tão muito que já me dou a possibilidade de enunciar um "quase dois" quando me perguntam. nesse tempo muita coisa mudou. uma atmosfera de cidade, um conjunto de possibilidades que aparecem pra mim ao mesmo tempo que é mascarado ou rejeitado para outros. uma casa maior, um roteiro diferente, medos sem igual e encontros também particulares. a saudade de casa, do lá, a vontade eventual de voltar ou mesmo de partir, os sentidos de urgência. os cheiros, o calor e o vento, os amigos. a responsabilidade do autocuidado, do cultivo do afeto e do silêncio - tudo isso também assumiu outros contornos.</div>
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<br /></div>
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estando aqui a gente tem que usualmente lidar com o silêncio e a indiferença, aprender a conjugar as distâncias quando as coisas pareciam ser próximas, medir novos trajetos, desenhar mapas que a despeito de tantas linhas rejeitam as pegadas. o frio é outra coisa. os gostos muitos, mas quase todos parecidos. </div>
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<br /></div>
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estando aqui poucos momentos me mostram esse universo em colisão como o encontro com o carteiro. eventualmente escrevo sobre ele, me lembro de pelo menos umas duas ou três. é sempre o mesmo senhor que parece partilhar comigo um segredo. nos reconhecemos nas nossas semelhanças em um espaço que nos vê como diferentes. hoje por exemplo, quando voltava da academia, ele me encontrou no outro lado da rua a um quarteirão de casa. cansado e sem dar conta ao que se encenava ao redor, ele me assoviou. olhei. estava do outro lado da calçada. sorriu.</div>
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- é do 83, né?</div>
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- é sim. o senhor vai lá?</div>
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- já fui. deixei sua caixa com seu josé.</div>
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<br /></div>
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ele sabe na intimidade o conteúdo de cada caixa. pelo cheiro, pelo barulho, por quem a remete - usualmente as mesmas pessoas, ou empresas, enfim, cartas, livros, contas. ele sabe. ele sabe de mim. e eu dele. nesse ir e vir pouco importa as coisas que são atravessadas e juntadas pelo que há nas caixas. importa esse saber partilhado entre quem envia e quem recebe, entre o carteiro que ainda não sei o nome e sr. josé, entre entradas e saídas. </div>
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<br /></div>
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estivéssemos em outras paragens eu o chamaria para um café nessas horinhas de encontro. talvez eu devesse comprar café agora, talvez assim ele soubesse que a alegria que me dá quando lembra de mim é também um encontro meu com o sentimento de casa.</div>
<div style="height: 0px; text-align: justify;">
x</div>
Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-86658292810051437482010-05-19T16:22:00.000-07:002010-05-19T16:22:34.976-07:00um relógio esquecido sobre a mesaTentei fugir, mas aqui há um carrasco inviolável: o tempo. O tempo e sua perplexidade. Pensei em escrever no dia de meu aniversário e tecer um leque de coisas que mudaram, as formas como via e como vejo o mundo, e aquela baboseira habitual toda, mas agora é diferente. Não é mais o tempo um objeto distante, um presente dissimulado. Ele é mais presente e menos simulado, e talvez seja por ser carrasco que ele não pauta deixar de ser o que é; ele não carece dessas coisas. É, é algo que merece ser pensadoPetraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-25278994088179507522010-04-24T17:58:00.000-07:002010-04-24T17:58:29.066-07:00A lenda da Pedra<div style="text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiGXsFH8aFioxvX6YVdJnAQZEHIqRxnUe0IBTtLfXyr_syneKN9KlKpuqGOxhQT6MAQRnzraZEcB5cUk_RglqdrtjgFa_1riGNB5qHcr-dPg1xCczhrEtmqXyLT35pmIgQrtp6Wa4JiqU/s1600/OgAAAI5bSdBaRJg_3dMpD5SZZO0pch_788_tVB-W8RVcCcf9uPLcE_RdSpXSJFi1CJfQ8jW26XzvMZmskUe52RMFjGUAm1T1UJ8Yphq-1TVdtODbJ0BnITLP4ytC.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiGXsFH8aFioxvX6YVdJnAQZEHIqRxnUe0IBTtLfXyr_syneKN9KlKpuqGOxhQT6MAQRnzraZEcB5cUk_RglqdrtjgFa_1riGNB5qHcr-dPg1xCczhrEtmqXyLT35pmIgQrtp6Wa4JiqU/s320/OgAAAI5bSdBaRJg_3dMpD5SZZO0pch_788_tVB-W8RVcCcf9uPLcE_RdSpXSJFi1CJfQ8jW26XzvMZmskUe52RMFjGUAm1T1UJ8Yphq-1TVdtODbJ0BnITLP4ytC.jpg" width="289" /></a>Hoje eu sinto a necessidade de procurar. Sinto novamente que preciso me reinventar, identificar-me por digitais que condizam com a pessoa que eu projeto agora e com os segredos que eu interpreto como sendo verdades só minhas. Perdi-me de meus passados e desejos antigos e sinto a necessidade de ser qualquer coisa como eu. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sinto muita crueldade em quem me pede para sempre ser assim como sou, referindo-se a mim como qualquer coisa parada e cristalizada, uma forma física, uma geografia perfeitamente matemática e localizável. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Do Sol á Pedra, porque sim, eu mudei. E dessa vez não precisei ir buscar o meu nome porque ele foi resultado de minha pesquisa pelo caminho mais adequado: a transitoriedade de minhas certezas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"> </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-65797502001706641952010-03-20T17:27:00.000-07:002010-03-20T17:27:55.589-07:00O menino que cantava para o mar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFsr4BA2OI27O2zKYCdksall8JZEYfPufj171XmnsMDc8mbK0-OTnzvht7mgrJeaOiyoHvFZZVD6LgZWM7qy2yKgtlUKlLDOHsUfx4QZKfiC3sA5uij9Bn4kxJw8d4rL2QaA5ZZTpwTkM/s1600-h/02.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiFsr4BA2OI27O2zKYCdksall8JZEYfPufj171XmnsMDc8mbK0-OTnzvht7mgrJeaOiyoHvFZZVD6LgZWM7qy2yKgtlUKlLDOHsUfx4QZKfiC3sA5uij9Bn4kxJw8d4rL2QaA5ZZTpwTkM/s200/02.jpg" width="118" /></a></div><div style="text-align: justify;">Como quem não deseja provocar a cólera do mar, ele certamente sentava-se sozinho e calado olhava. Olhava até saber que era a hora da música começar. E como começa ? Ambos não sabíamos, apenas esperávamos o sinal. O mar era a primeira voz, e sempre será. Ao seu sinal ele começava a cantar, e eu ali distante, fechava os olhos e ouvia aquele dueto. A princípio, os assovios eram como quem canta pra dentro, a fim de não afrontar a imensa siberania do elemento líquido maior. Até que Ele, que é maior permitisse ficar silencioso e o outro pudesse finalmente subir o tom de seus ossovios. Em volta, como animais, os homens espalhavam-se pela escuridão, uma dança de vultos, cada qual tentando seduzir a sombra que mais lhe aprazia com sua indiferença. E ele lá, cantava e banhava-se na prata escuro-luzente do mar. Éramos dois ? </div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-57744127199379052302010-02-10T11:50:00.000-08:002010-02-10T11:50:05.648-08:00Memórias do Mar<div style="text-align: justify;">Quando eu era criança, vez ou outra como passeio tinhamos a praia aos domingos. Tambaú naquela época tinha uma água verde que no meu olho parecia uma grande esmeralda que se desfazia a todo instante e justo assim tomava a todos, e sem que percebessem, mas eu era silente e atento, como um fugitivo. Tudo era água e sal, diziam, mas eu sempre veria para mais do que a simples mistura; talvez fosse até um processo misteriosamente alquímico. Cabo branco sempre me foi um mistério. Sem sereias, monstros ou esmeralda.<br />
Lembro que ao chegar em casa, já vermelho e ainda cheio de areia, sentia as ondas do mar dançando em meu corpo. Sinto saudade dessas coisas, e às vezes parece que o mar me tomou o corpo embora e ainda não devolveu. Se o corpo não foi, e ainda está em mim, sinto falta de algo. Talvez fosse um pedaço de minha alma, que com certeza está lá, não sei por quais motivos ou processos, mas certamente está lá. Os cientistas dizem que é lá que está 80% da vida na Terra, talvez mais ou menos disso é o que a água, e o mar em princípio nos ensina. Metade de mim e é água, e outra metade é terra. E talvez eu seja lama porque Touro (terra e água) e Coruja(ar e água) mistiram-se. Antes de eu ser o que sou, eu fui algo que já não me pertence.<br />
Mas hoje as almas e praias são bem parecidas: vitrinas ocas, como lojas destinadas a fantasmas e espirros. Só o mar conserva sua integridade e segredos, mesmo que o lixo seja jogado no seu verde, que nem recebe mais, apenas expulsa, como uma ferida que quer curar-ser. São banhos rápidos e fugitivos, como se o medo de ser tomado e preenchido que fosse de verdade, e mais que isso, que valsese a pena, por algum motivo, por alguma coisa ainda sem explicação gerasse a idéia de um asco mútuo. Hoje há uma placa na porta do mar: onde se lê "não há vagas"; na contramão, vê-se na porta da vida de muita gente " proibido estacionar". </div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-15022520375665954632010-01-05T07:48:00.000-08:002010-01-05T07:48:10.538-08:00As Lições de Vôo<div style="text-align: justify;">Quando era criança, o que não faz muito tempo, uma coisa que me deixava muito admirado era a capacidade de voar. Lembro que na escola eu passava correndo entre os corredores, talvez na esperança de que em algum desses saltos eu finalmente pudesse romper com essa gravidade plástica que me prende ao fixo. Mas isso nunca aconteceu no mundo das coisas concretas. Outra memória que me recorria eram os saltos do teto da casa. Subia na laje do banheiro e pulava com um guarda-chuva na mão em direção aos colchões deitados no solo. Aqueles momentos foram meus primeiros rituais, meus primeiros exercícios de liberdade. Talvez eu sinta falta disso, mas substitui os saltos pelas palavras e os guarda-chuvas e colchões por caneta; o sentimento permanece.<br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-3847633133368053052009-12-19T14:08:00.000-08:002009-12-19T14:08:36.990-08:00Encontro de Gerações<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4jVLk4IO5yuJgPFr1xQCFy8AeTZS6shbRAxE_fosx954wwsVwhg01R73Iu5i5PA34QaaWZRDOtqCy4DFKBYd1elnqDudvErJjUjIp_wKgAhn2FDmsyxidBjh-9cyfB66oKrUfyw2QeQU/s1600-h/encontro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ps="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4jVLk4IO5yuJgPFr1xQCFy8AeTZS6shbRAxE_fosx954wwsVwhg01R73Iu5i5PA34QaaWZRDOtqCy4DFKBYd1elnqDudvErJjUjIp_wKgAhn2FDmsyxidBjh-9cyfB66oKrUfyw2QeQU/s400/encontro.jpg" /></a><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">Ana Bezerra [avó] e Richard Arthur [sobrinho] <br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-1995105415818268892009-12-18T05:23:00.000-08:002009-12-18T06:06:53.801-08:00Marrom como o barro<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Talvez tivesse esquecido de mim, de me reinventar e me recontar. Mas estou de volta. Ocasionalmente, o último post que havia escrito mencionava minha avó, e ela foi uma presença constante nos últimos dias em minha casa. Deveria ser esse um espaço de reflexão para os dias passados e meu estado atual, acontece que meu estado atual depende fundamentalmente dos fatos corridos no agora também. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Minha irmã deu a luz seu primeiro filho no último dia de novembro. Agora sou tio oficialmente que não dos meus alunos na escola. E ele recebeu parte do meu antigo nome. Deram-lhe por nome " Richard Arthur". Espero que seja uma criança abençoada, mas na verdade não era essa minha intenção ao escrever. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tudo que acontece puxa uma história ou rende outra, não é verdade? Lembro de uma entrevista de um diretor brasileiro, acredito que o Jorge Furtado, falando que o sentido da vida seja contar histórias. Verdade ou não, não sei, mas acredito nisso em boa parte. Me excita a possibilidade de que ninguém vive as mesmas histórias, apesar das semelhanças. E como nós precisamos de histórias, sentir-se reconhecido na história dos outros é um achado! <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL79MNbNKB0NYe3sZ4vs9xMnJF1EBZiogcSJkikq5zK1JhXnpx3aX1679p1zigrQRoRPUHB9bFTCib8XejfRLqcmGh2cG5Aq83bs1AQjyhzAgb2Y_lDoz_BcIPeYXg2wMmM-NeiytsU5Q/s1600-h/IMG0561A.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ps="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjL79MNbNKB0NYe3sZ4vs9xMnJF1EBZiogcSJkikq5zK1JhXnpx3aX1679p1zigrQRoRPUHB9bFTCib8XejfRLqcmGh2cG5Aq83bs1AQjyhzAgb2Y_lDoz_BcIPeYXg2wMmM-NeiytsU5Q/s320/IMG0561A.jpg" /></a><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: red; font-family: "Courier New", Courier, monospace;">exercícios de Liberdade - passeio ao Parque Zoo Botânico Arruda Câmara - 22.08.2009</span><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Refletindo descobri que quando criança eu não era muito diferente do que sou agora. Sempre fui muito recatado, calado. Me comuniquei sempre com os pés e com os olhos,isso quer dizer que sempre fui de observar e recolher as imagens do mundo para o meu interior. E vejo que hoje as coisas são bem semelhantes. Ainda não aprendi a ser extrovertido, e isso me é bom. Preciso de uma medida de reseva para poder sobreviver. E é assim , me podando e me expondo. Fugindo e sobrevoando que eu registro meus sentimentos nos dias. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Me lembro que o pátio da minha primeia escola, o Concita Barros, era de barro laranja bem seco, com alguns cajueiros espalhados pelo espaço. As salas de aula eram bem convidativas: ricamente decoradas com toda sorte de ornamento: eram nuvens, sol e lua no telhado, passarinhos, borboletas e insetos nas paredes, relógio e calendários, e livros,muitos livros. Não haviam carteiras ou cadeiras na sala; só esteiras. Conversávamos, brincávamos e assim eu aprendia a ver o mundo. Eram pequenos exercícios de liberdade que com o tempo acabei perdendo o compromisso. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Agora atentei para recriar e reviver esses hábitos e exercícios de liberdade. Me permiti voltar a minha real condição de observador e cronista do que sinto e crio em mim. <br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-90285488593609924942009-10-21T08:22:00.000-07:002009-10-21T08:22:07.754-07:00Aos DomingosNão sei ao certo como começou tudo isso, mas é bem verdade que os domingos não eram diferentes dos outros dias, mas havia ali um algo mais, uma atmosfera que envolvia os ambientes e as pessoas e que nos tramsportava para dentro de nós mesmos. Domingo era o dia de doar-se a si próprio.Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-61396407521216493002009-10-13T06:19:00.000-07:002009-10-13T06:19:27.469-07:00Sobre tudo e sobre nada<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwiVL9Q4gLg1C686522KAp8qyZ_ayVl8pA92sNQfurPOBItYrNi4iDhTm-0YafBkVn5p6iZfYEe5_K7cF22hiVx7Xf_rwZOtg_6ugEghI5cS-5Ol_oCXXvvx7TQYWtcrSbES7RlWVO1QU/s1600-h/th0001.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img $r="true" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwiVL9Q4gLg1C686522KAp8qyZ_ayVl8pA92sNQfurPOBItYrNi4iDhTm-0YafBkVn5p6iZfYEe5_K7cF22hiVx7Xf_rwZOtg_6ugEghI5cS-5Ol_oCXXvvx7TQYWtcrSbES7RlWVO1QU/s400/th0001.jpg" /></a><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="color: red; font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Anna Bezerra, avó materna</span><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Minha loucura ou paixão, essa falta de salubridade é reflexo de minha avó. Diz minha mãe que quando mais jovem ela tinha os cabelos negros e lisos como os de Iracema, sua pela era firme e apesar do sol e dos esforços que a fome impunha ao corpo e a necessidade de sobreviver impõe à alma, ela tinha uma tez despreocupada. Dizem os médicos “ ela tem retardamento intelectual de nível moderado”; dizem isso pra justificar sua completa ignorância de quem ela seja ou do que faz aqui neste mundo. Mas nós temos um segredo comum, compartilhamos do mesmo olhar. O tempo que nos afasta funciona da mesma forma que o versejar que nos reúne. Dizem isto para justiçar suas ações; a forma independente como fala, brinca e se comunica. Não há necessidade de terceiros, ela só precisa de si mesma, mas gosta de minha irmã que sempre cuidou dela. Mas talvez se ela não tivesse aparecido e meu avô não tivesse morrido em 1997, eles viveriam o mesmo acordo íntimo. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Diz minha mãe que Seu Miguel Luiz, meu avô casou-se com ela por força do seqüestro. Certo dia ao caminhar pelas ruas da serra velha, ele a vira em sua casa. Vendo-lhe, de súbito engraçou-se da pessoa dela. Em outro momento passou por sua casa e viu que ela apanhava de seus pais e, quando a deixaram de canto, ele a tomou para si e levou pra sua casa. E lá casaram-se por desejo, não sei se comum, mas fato é que ele sempre cuidou dela e a respeitou. Não sei muito a respeito de meu avô materno, pois todos esses de que lhe falo hoje são de minha família materna. Não sei se era forte ou gordo, se ela bonito ou não. Sempre lhe tenho à memória a imagem do senhor forte e vigoroso que nos deu bala e pipocas na frente da padaria e que, em segredo, me entregou três pequenos corcéis que ele mesmo havia feito. Talvez fosse aqui, nesse exato momento, que nosso acordo foi fechado. Não lembro também de minha avó nesse episódio. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Hoje minha avó tem quase 70 anos. Não há mais o meu avô por perto, apenas a sua lembrança na saudade de minha mãe. Ela tem já os cabelos envoltos no prateado da lua, e se recolhe na fortaleza de seus brinquedos. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-50550506486471029002009-10-08T16:08:00.000-07:002009-10-08T16:14:20.363-07:00Mudanças<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOwgcgfsPIyxhuy4YZjM9uQkamRUoZRpVPtwML_T3Ba33y6eA39EjF_HZ-LGs9nfyjuHDAnbAWmwcUwdceuf2s93WaG4LIp0y5PKWoGGiKtmiM57HuQW3rHxJKxxScK2GdBesSZgFV1Xk/s1600-h/pai+e+m%C3%A3e.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img $r="true" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOwgcgfsPIyxhuy4YZjM9uQkamRUoZRpVPtwML_T3Ba33y6eA39EjF_HZ-LGs9nfyjuHDAnbAWmwcUwdceuf2s93WaG4LIp0y5PKWoGGiKtmiM57HuQW3rHxJKxxScK2GdBesSZgFV1Xk/s320/pai+e+m%C3%A3e.JPG" /></a><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: "Courier New", Courier, monospace;">Mãe [Joana] e Pai [José]</span> <br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sinceramente nunca consegui entender bem como se processava a relação entre meus pais. Aparentemente meu pai é o tipo de homem que gosta de mulheres "bonitas" ou seja, aquela beleza da televisão, e convenhamos que apesar de ser bonita (ao menos aos meus olhos) ela não corresponde a esses modelos de feminilidade impostos e exibidos pelos veículos de comunicação. <br />
</div><div style="text-align: justify;">Ao longo do tempo o relacionamento entre os dois foi evoluindo, mas nunca descobri ao certo o que o levou a morarem juntos... se meu nascimento ou se a necessidade de estarem juntos, se eles realmente se gostavam ou não. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De início a relação era meio brutal, por vezes chegando à agressão, em especial quando mudamos de bairro, por volta de 1993... 1994. Não sei ao certo se essa visão é certa, mas quando chegamos lá com o caminhão de mudança, estava chovendo, a rua era de um barro vermelho alaranjado que transformava a rua num verdadeiro lamaçal. Não havia muita coisa, mas nos 11 ou 12 anos que moramos por ali muita coisa foi mudando. Dentro e fora da rua, dentro e fora da casa.. dentro e fora de nós. Ali acontecia toda sorte de coisa. Foi lá que descobri meus primeiros amigos, minhas primeiras paixões, comecei a esboçar minhas primeiras opiniões e desenvolvi minha particularidade. Meus pais e irmaõs, por processos diferentes também desenvolveram sua forma particular de ver e estar no mundo. Uns tentanto passar neutros, outros querendo ser vistos e outros vingindo que isso não era necessário. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu vejo a casa antiga como um laboratório. Lá se processaram muitas coisas. Meus pais aprenderam a gostar de si, eu aprendi a me conhecer e foi lá verdadeiramente que me formei. Porém, quando saí de lá, apesar de triste, afinal de contas, lá estava toda minha vida até então, não senti mais necessidade de voltar lá. O mesmo acontece com a antiga casa onde morávamos. Apesar de ser bem perto de onde moramos agora, não vejo qualquer necessidade ou impulso de voltar lá. As paredes, os cheiros e as cores já não me dizem mais nada. Não vejo ali qualquer resquício de mim. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na nova casa as coisas pareciam mais frescas, e de fato são. Evidente que nem todos os dias são alegres, felizes com um sol estúpido e um belo lago para fazermos pique-nique, mas isso faz parte da normalidade que nos é peculiar.<br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-6872919068072055872009-10-03T05:40:00.000-07:002009-12-30T06:13:45.425-08:00O Último Dia do Ano<div style="text-align: right;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgniwmm_CV3Ev9da1KXAXge6txU8CPS_uoy7sd_9aqlyptgdtERng-zbKrx4syaMZd_KKjJVvs38Qzm9qlaET4AMjHSfLIQAX3HA4ZmxrLH4iTCTCp3hlYlwtW5NkZ1h02Se4jD_dAk96g/s1600-h/ano+novo.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img $r="true" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgniwmm_CV3Ev9da1KXAXge6txU8CPS_uoy7sd_9aqlyptgdtERng-zbKrx4syaMZd_KKjJVvs38Qzm9qlaET4AMjHSfLIQAX3HA4ZmxrLH4iTCTCp3hlYlwtW5NkZ1h02Se4jD_dAk96g/s400/ano+novo.JPG" /></a><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: Verdana,sans-serif; font-size: x-small;">(eu, Joana, Tarcísio, Fátima e Diego)</span><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><b>Do que é feita a nuvem?</b></span><span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><br />
<b></b></span><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><b>Do que é feita a neve?</b></span><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><b>Como é que se escreve</b></span><br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"><b>Re...vèi...llon</b></span> <br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;"></span> <br />
</div><div style="text-align: right;"><span style="font-family: "Courier New",Courier,monospace;">( Oito Anos, Dunga e Paula Toller) </span><br />
</div><div style="text-align: right;"> <br />
</div><div style="text-align: justify;"> Ano Novo, a gente nunca chamava de outra forma. Lá em casa era tudo bem nítido e definido. Sabíamos sempre como e o que fazer. Algum tempo antes comprávamos as roupas novas, afinal de contas... era data solene e importante, digníssima. Depois cada um era responsável por um ofício específico: eu e minha irmã limparíamos a casa e ajudaríamos na cozinha, já que éramos os maiores. Diego limparia o quintal e o beco lateral. E Tarcísio não faria nada porque era muito pequeno pra qualquer coisa ainda. O cardápio seguia uma linha geral.. salpicão, vez por outra peru,mas nós não gostávamos e isso era raro, lasanha, arroz com passas e ervilha. Não podíamos comer antes da reunião. <br />
</div><div style="text-align: justify;"> <br />
</div><div style="text-align: justify;"> Minha mãe, por opção protestante, sempre nos levava ao culto especial que acontecia no último dia do ano. As pessoas traziam sus famílias, a igreja abarrotada no térreo por adultos exercendo fé naquilo que acreditavam e as crianças no andar superior, onde chamavam Escolinha, a cuidar das coisas que eram só suas. No início a Escolinha não era no primeiro andar, e sim no térreo, em um pavimento lateral onde foi posteriormente construído uma piscina para os batismos. Em todo caso era lá que as crianças ficavam. Eu me furtava a isso tudo. Sempre muito responsável, ou calado demais pra ser percebido, eu optava sempre por ficar no limbo... uma escada a fazer a ponte entre a fé dos adultos e o misticismo das crianças no andar superior. E lá eu ficava a observar o ir e vir das coisas. Pessoas insconscientemente felizes e tristes passavam com suas roupas brancas e multicor, os fogos e fumaça subiam a colorir o céu nos últimos momentos do ano. E lá ficávamos reclusos até que o ano acabasse e pudéssemos começar mais um ano, ao menos por instantes livres de máculas. <br />
</div><div style="text-align: justify;"> <br />
</div><div style="text-align: justify;"> A família aparecia pouco, mas aparecia. Uma tia ou outra marcava presença... geralmente Fátima, que morava próximo e ainda era solteira. Depois casou e recolheu-se para a vida do marido. Meu pai aparecia bem pouco. Geralmente tinha a sorte de folgar no Natal e como ônus de porteiro noturno que é, trabalhar no último dia do ano. E assim seguíamos nossas vidas. <br />
</div><div style="text-align: right;"> <br />
</div><div style="text-align: right;"><br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-10865332369669051262009-10-02T06:02:00.000-07:002009-10-03T05:44:07.507-07:00Tudo Muda o Tempo Todo<div align="center" class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdwcAF1Vk3WMyhqpy0gody8Z4fqRoaNF6a1YQwBO_zK79kzffPHp8UIN8ee32vAH4IZ-HsjUwaT_V6zs2-qEszrGHX5cZ2NCGTsWtMUaHWxeVv-3Q8bwqhuxqkXH6Epu0H-eqvPPv6pUs/s1600-h/Eg%C3%B3+(46).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img $r="true" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdwcAF1Vk3WMyhqpy0gody8Z4fqRoaNF6a1YQwBO_zK79kzffPHp8UIN8ee32vAH4IZ-HsjUwaT_V6zs2-qEszrGHX5cZ2NCGTsWtMUaHWxeVv-3Q8bwqhuxqkXH6Epu0H-eqvPPv6pUs/s320/Eg%C3%B3+(46).jpg" /></a><br />
</div><div align="center" class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">(Outubro de 1990 - 5 meses de idade)</span> <br />
</div><div align="center" class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div align="center" class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgALjbNHKC5rIx5i2vrEiD9S6xkoCMTXPw7huMcfUGnCr5wvsOC6qTSd8szQCao3SiKQ7kZLVNbmjuzbCN2bNspzv_n2Mu7ZbqYsotvEh1OuFnkxncgWhK8Td9ZNPqYPEySRwqvw0zwLiU/s1600-h/Alves+114.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img $r="true" border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgALjbNHKC5rIx5i2vrEiD9S6xkoCMTXPw7huMcfUGnCr5wvsOC6qTSd8szQCao3SiKQ7kZLVNbmjuzbCN2bNspzv_n2Mu7ZbqYsotvEh1OuFnkxncgWhK8Td9ZNPqYPEySRwqvw0zwLiU/s400/Alves+114.jpg" /></a><br />
</div><div align="center" class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: Verdana, sans-serif; font-size: x-small;">( 1 de Outubro de 2009 - 19 anos e 5 meses)</span> <br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7541119132597718087.post-88311213754948192612009-10-02T05:17:00.001-07:002009-10-02T05:52:24.249-07:00Quando eu ainda não era<div style="text-align: justify;">Quando eu nasci, provavelmente às voltas das oito horas do dia seis de Maio me faltou o tino acertado dos primeiros elementos e do sétimo. Mas eu era forte. Era manhã, dia de domingo. Fato é que as lembranças aqui narradas são produtos de minha imaginação sempre ativa e de minha suspeita constante dos fatos que aparentemente se escondem nas pequenas coisas da vida, nos pequenos gestos e coisas. Mas continuando....<br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Era dia de domingo. Chovia e fazia sol na minha vida.Chovia porque romper à luz era custoso, e fazia sol pois ele sempre esteve feito, desde Hélios e Urano e o meu pulo para fora era apenas mais um símbolo para isso tudo. Nasci sob os auspícios de Touro, com Gêmeos ascendente. A minha lua se encontrava em Libra e eu estava lá; talvez eu soubesse disso tudo, mesmo não tendo consciência do significado desses códigos. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A minha vida transitava num sistema de coisas em que eu ainda era passivo,passivo não, reflexivo frente à toda ordem de coisas que me acontecia. De alguma forma eu era o Sol... e agora eu volto à sê-lo, com todo respeito ao Brilhante. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nessa época, é preciso que se diga, eu ainda não era eu. Antes seria José Artur de Lima e Oliveira; mas quis a vida que eu não fosse essa coisa toda. E meu pai, num surto de inspiração e ousadia furtiva, para tristeza de minha mãe, deu-me de imediato em cartório o nome de Thiago de Lima Oliveira. Nome estranho esse, apesar de comum. É nome de toda gente. Depois de certo tempo descobri que eram nomes de judeus novos. Famílias de judeus da parte ocidental da Europa que correntes da Inquisição acabaram mudando-se para Portugal e para salvarem suas vidas precisaram abdicar de sua fé, e converterem-se ao cristianismo. Isso, apesar de não me ser inato, influenciou minha forma de ver o mundo e de estar nele. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tive vários nomes... alguns dados, outros roubados, outros que eu mesmo me dei, por necessidade ou merecimento. Fato é que hoje eu volto a ser o sol, e me digo Heliodoros, a dádiva do Sol, e cá estou a resgatar minhas pérolas nesse vasto e transbordante mar que transcende viver e existir, e mesmo assim compreende-os em si. <br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div align="justify"><br />
</div>Petraioshttp://www.blogger.com/profile/04275724141956903974noreply@blogger.com