terça-feira, 5 de janeiro de 2010

As Lições de Vôo

Quando era criança, o que não faz muito tempo, uma coisa que me deixava muito admirado era a capacidade de voar. Lembro que na escola eu passava correndo entre os corredores, talvez na esperança de que em algum desses saltos eu finalmente pudesse romper com essa gravidade plástica que me prende ao fixo. Mas isso nunca aconteceu no mundo das coisas concretas. Outra memória que me recorria eram os saltos do teto da casa. Subia na laje do banheiro e pulava com um guarda-chuva na mão em direção aos colchões deitados no solo. Aqueles momentos foram meus primeiros rituais, meus primeiros exercícios de liberdade. Talvez eu sinta falta disso, mas substitui os saltos pelas palavras e os guarda-chuvas e colchões  por caneta; o sentimento permanece.